Essa época do ano sempre traz surpresas, mas neste ano, tem me aparecido o silêncio. Ele, que é resposta e pergunta, acento agudo e circunflexo, frase e oração.
Tenho preferido essa distância do que quer que seja verdade. Sempre prefiro saber, mas neste caso em especial, acho que prefiro esperar. Assim como o cacho de bananas verdes que comprei hoje no mercado, algumas coisas são melhores maduras.
Acho que tenho me preferido como companhia e flanar tem sido meu verbo favorito por não saber direito como me portar ultimamente.
já tive tantos sonhos, tantos, que chega a ser maluco pensar que de todas as vidas que sonhei, essa é a que tenho. Não me leve a mal, acho até que me divirto e tudo mais, mas o que eu vivo agora não chega nem perto do que sonhei.
e talvez a vida adulta seja isso mesmo, quebrar a cara, as expectativas, o pau da barraca. mas será que é isso mesmo? sinto que se deixasse de existir hoje, me veria incompleta. sinto falta de mim, mas mais do que isso. sinto falta do que eu poderia fazer: comigo mesma, com o mundo e com a vida.
entendo que falta energia, mas me parece desleixo. é como se a vida fosse uma maratona e eu, uma corredora de distâncias curtas. consigo dar tudo de mim por uma quantidade mínima de tempo. depois, me enjoo, canso, vou pra outro canto.
queria saber como me manter num caminho e mais importante do que isso: saber qual direção seguir. eu sei, eu sei, ninguém parece saber para onde está indo. mas algumas pessoas sabem, algumas vão. como fazem? onde vivem? como posso também descobrir meu lugar no mundo?
há algum tempo, descobri caminhos onde me sentia em casa enquanto fazia coisas. parece até que eu tateava. queria brincar no escuro novamente, ir sentindo com as mãos, os dedos do pé, o coração.
sinto que já voltei pra mim tantas vezes que me perdi de vista, cansei do trajeto. preciso dar um jeito de inventar um novo atalho, uma forma mais simples (?), mais elaborada (?) de chegar naquela parte do corpo que é sinônimo de âmago e sempre está presente nas cruzadinhas: imo.
se chegarei, só o futuro saberá, às vezes nem ele.
- agosto, 2024
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