Hoje não é um bom dia para escrever. Li minha escritora favorita, ouvi a música que tem me emocionado nas últimas semanas e, mesmo assim, nada. Acho engraçado essa coisa que a gente tem de criar um ambiente pra deixar escorrer algumas palavras - como se fosse algum tipo de ritual sagrado -.
Mas apesar dos esforços, algumas coisas não podem ser planejadas. Às vezes, você está no meio do ônibus com o triplo de gente do que caberia ali, a temperatura nas alturas e BAM. Uma grande ideia. Você até tenta pegar o celular escondido no bolso da frente debaixo de um casaco dobrado na cintura (evitando algum tipo de furto), mas você ainda é muito amadora no circular.
Mas apesar dos esforços, algumas coisas não podem ser planejadas. Às vezes, você está no meio do ônibus com o triplo de gente do que caberia ali, a temperatura nas alturas e BAM. Uma grande ideia. Você até tenta pegar o celular escondido no bolso da frente debaixo de um casaco dobrado na cintura (evitando algum tipo de furto), mas você ainda é muito amadora no circular.
A ideia fica na cabeça o caminho todo e vai se remexendo dentro de você enquanto você chega na sua rua juntamente com a chuva que logo começa a cair. No primeiro passo dentro do prédio, já com o celular na mão, você anota. Parecia mais genial dentro do ônibus. E talvez tivesse florescido mais se você não estivesse se focando em guardá-la para não perdê-la em meio ao calor.
Outro dia li no twitter, nosso grande portal de informações contraditórias e emblemáticas, que a ideia é um grande pomar que leva tempo, luz e cuidados. Você decide se prefere colher muitas frutas boas ou poucas frutas ótimas.
Penso que talvez estejamos apressados demais em compartilhar com o mundo aqueles 280 caracteres geniais que acabaram de passar pela nossa cabeça que nem damos tempo para colori-lo, refazê-lo e cortá-lo.
Queremos ser reconhecidos pela genialidade de coisas que ainda não criamos e, pela pressa, perdemos o afeto que se troca dentro da gente no momento da criação. Ansiamos pelo título de gênio sem perceber que a graça está justamente em expressar o que se sente.
Enquanto pintamos um grande quadro em branco, observamos com o canto do olho se alguém está olhando. O desejo de colorir se tornou desespero em ter o melhor e mais revolucionário quadro pronto.
Grande PS: Toda vez que utilizo "nós" na hora da escrita, me refiro ao "eu". Sei que não é legal disfarçar a primeira pessoa do singular de primeira pessoa do plural, mas às vezes, precisamos de um grupo inexistente como apoio moral para expressarmos o que sentimos.
Viu? Fiz de novo.
Viu? Fiz de novo.
Ou talvez, apenas talvez, seja um vício de escrita que eu não quero mudar dentro de mim.
Vocês decidem, deus me livre pensar nisso.
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