ultimamente, não tenho conseguido escrever nada por inteiro. tudo que escrevo no papel, também me escapa. é como se os restos sobre tudo que penso estivessem fragmentados e eu não conseguisse reuni-los. até mesmo porque para mim própria, eles não parecem legíveis.
existem conversas, reais e hipotéticas, passados que passaram-se de forma alternativa a esta realidade que hoje tento entender. cada linha que passa por mim é um sussurro distante sobre o que quero pra minha vida e não assumo. do que sinto e não digo. e volta e meia, estas vozes dizem, mesmo que eu não consiga entender a narrativa que permeia o estado natural delas.
sinto falta de construir pontes comigo mesma. de me saber, mesmo que de forma abstrata. hoje nem por aproximação, tenho uma vaga ideia do que estou vivendo. de alguma forma, estou atada por nós que eu mesma me dei e esqueci de me avisar que estavam por ali.
como quem esquece a senha de uma conta importante. talvez eu precise admitir o meu esquecimento de mim. e só assim eu consiga me reaprender a me encontrar. enquanto não me faço sentido de novo, me torno refém daquilo que não conheço e hora ou outra, borbulha sem eu saber o porquê.
isso aqui é um lembrete. a clareza não existe em sua forma mais bruta. ela não é fixa. é fluida e precisa ser lapidada de tempos em tempos. como uma esponja de lavar louça que é trocada a um determinado número de lavagens, a gente também precisa se despir da nossa construção de vez em quando e ver se ela ainda nos serve.
quando não mais, é a hora da escolha. de vestir-se daquilo que ainda não experimentamos no corpo.
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