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E se esse tudo não for o bastante?

Não sei direito o que pensar e o que dizer. Olhando rápido, parece que a vida tá suspensa. As coisas parecem ter perdido seu movimento habitual. Algumas se atropelaram, outras caminharam para trás como quem tenta voltar pra casa no sentido inverso. 

Uma porção de flashes é disparada até mim volta e meia na cozinha quando lavo a roupa acumulada de tantos dias que já nem tenho mais o que vestir, enquanto me pergunto de quem é a sombrinha vermelha esquecida na mesa de casa. 

Algumas mensagens inapropriadas chegam até mim como quem não quer nada e se demoram dentro da minha cabeça. Eu que já mudei tanto, por vezes retorno ao mesmo lugar. Num segundo, sou dona de mim e me percebo como criadora de muita coisa que acontece ao meu redor. Noutro, não sei o que estou fazendo ou o que estava pensando ao fazer tantos planos. 

É como Rachel Green, de Friends, e tantas outras pessoas que foram programadas por muito tempo pra fazer uma determinada coisa - no caso dela, casar - e quando o dia em si chega, não faz mais sentido. Você se pergunta se é só isso. E as pessoas dizem que sim. A vida como um jogo de memória repetido que a gente já sabe os pares de cor e salteado é meio assustadora. Previsível, monótona. Dá pra inserir aqui qualquer outro adjetivo que pouco te surpreenda. 

Preencher o tempo é uma das coisas mais fáceis a se fazer. Mas usá-lo de maneira viva e compreendê-lo como instante é um tanto mais difícil. Estou no final de uma coisa que eu não sei o nome, mesmo que o ano astrológico e o ano oficial tenham começado há pouco. Por vezes me questiono sobre o peso das coisas e, talvez, tudo tenha mudado de lugar. 

Por vezes vejo a vida como uma balança. O equilíbrio é bom, mas de vez em quando a gente precisa chacoalhar as coisas, redistribuir os pesos e desequilibrar tudo pra fazer sentido. As mudanças profundas, as verdadeiras que interferem lá dentro são bravas, tempestuosas, mexem com a gente dos pés à cabeça e não tem nem onde segurar. 

Ao entrarmos num caminho, mesmo que óbvio, nunca sabemos quem seremos ao sair dali. Quando essa estradinha de chão termina, a gente perde teto, paredes e se fomos feitos de concreto e certezas algum dia, nos esquecemos. O não saber bate na nossa porta com força ao percebermos que não fazemos ideia do que vamos fazer quando tudo acabar.

Eu sei que esse tudo aí é superestimado, mas por enquanto é o meu tudo, meu limite, é até onde vai a vista do horizonte. Não sei se há mais além dali. Algo me diz que sim, mas eu só queria saber se é nessa vida ou na próxima que eu vou chegar bem perto pra ver.
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Foto e Texto: Carol Chagas

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