Toda vez que desfaço as malas ao voltar pra casa de alguma viagem, percebo algo. Sempre levo coisas demais. Blusas que não usei, livros que não li, trabalho que não fiz. Por "precaução", acabo trazendo tudo.
O "e se" fala mais alto do que as verdadeiras probabilidades de que algo realmente aconteça ou até de minhas reais necessidades. Só que essas hipóteses que perambulam pela minha cabeça acabam de alguma forma me limitando. Porque esse "VAI QUE" está plantado em cada cantinho da minha vida. Ele acaba comigo.
Essa caixinha de possibilidades me impede de uma porção de coisas. De escancarar a janela para o novo, abandonar aquilo que não faz mais sentido e de até mesmo me ouvir com cautela.
Às vezes me pergunto por que as coisas são como são e realmente gostaria de encontrar um sentido pra elas. Em alguns momentos, fica claro. Já em outros, é como se cada peça do quebra cabeça tivesse vindo da fábrica no tamanho errado.
Como é que a gente vive normalmente sabendo que alguém que conhece quem somos anda por aí a solta? É certo isso de carregarmos partes de pessoas para outros lugares? Parece estranho, mas gostaria de ser permeável como uma barata. De não absorver nada daquilo a que fico exposta.
A autopreservação sempre me fascinou, mas confesso que gostaria de morar nela. Eu entendo que estamos aqui pra crescer e evoluir como grandes seres que podemos ser. Também sei que vulnerabilidade faz parte de tudo isso, mas eu não gosto de ser vulnerável, não.
Gostaria que esse meu ladinho sensível que acredita no incrível "VAI QUE" do Universo fosse pausado. Porque cansa. Dói só conseguir ficar em paz em movimento. Queria que a grande calmaria também me atingisse quando eu estivesse em repouso.
Se a paz não é um lugar, mas sim um estado, como fazemos pra senti-la sem ser só ao fazer as malas?
Como eu disse, por precaução,
sempre levo coisas demais.
Por causa de um "e se" escrevi este texto.
- Escrevi este texto há dois anos, mas confesso que de vez em quando ainda me identifico.
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sempre levo coisas demais.
Por causa de um "e se" escrevi este texto.
- Escrevi este texto há dois anos, mas confesso que de vez em quando ainda me identifico.
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