Cada vez mais eu chego a conclusão de que eu amo as pessoas. O ser humano em geral. Confesso que sinto um prazer quase sobrenatural em ouvir suas histórias e tentar (mesmo sabendo que é quase impossível) entendê-las.
É engraçado porque por muito tempo eu acreditei que era possível ser feliz sozinha e não era extremamente necessário ter tanto contato social. Mas dividir suas experiências com um grupo de amigos ou desconhecidos é algo mágico.
Hoje não me imagino mais como aquele alguém que se trancava no quarto pra ficar no computador durante o fim de semana todo.
Talvez seja o meu momento atual ou o fato de que eu comecei a compreender que o mundo é muito grande. Existem tantos lugares para se descobrir, tantas pessoas para conhecer que parece perda de tempo focar apenas no que você já sabe.
Ficar sozinha é muito bom, maravilhoso na verdade. Se analisar e entender quem você é, se resolver é algo incrível e só tem a acrescentar na nossa vida. Mas tirar um tempinho para se voltar para o outro também pode ser igualmente revelador.
Nos últimos dias, tenho ouvido muitos amigos contarem suas perspectivas sobre determinadas coisas e confesso que não consigo não ficar emocionada. É como ler o coração de alguém por meio de suas palavras e gestos.
A escrita sempre foi uma espécie de terapia pra mim, por meio dela eu conseguia enxergar quem eu era ou o que estava acontecendo comigo. Descobri que conhecer o mundo de alguém tem também o mesmo efeito.
É engraçado como às vezes ignoramos tudo que estamos sentindo ou ficamos tão mergulhados naquilo que mal conseguimos ver a superfície do todo. A gente acaba ficando preso na percepção de que ninguém tem problemas.
E é aí que mora o erro. Todo mundo tem suas questões mal resolvidas. Seja em relação a sua família, a um quase amor do passado ou até consigo mesmo.
Como eu disse, o mundo é muito grande. E ele muda bem rápido. Estamos o tempo todo em contato com pessoas e situações. Algumas delas nos mudam mais do que outras. Mas no geral, todas nos transformam e o mais legal de tudo isso é que nós podemos escolher a direção dessas mudanças.
Por mais que sempre estejamos vulneráveis á ação alheia, nada altera o efeito que nós escolhemos ter quando determinada coisa nos acontece. Eu escolho continuar escrevendo sobre tudo aquilo que vivo ou acabo conhecendo por aí.
A nossa vida é feita de histórias (nossas e alheias) e descobri-las faz com que a minha alma fique leve, quase como se fosse meu dever coletá-las e senti-las. Agora entendo que o meu amor não é pelas pessoas, mas pela vida. Ela está em todos os cantinhos inimagináveis e encontrar vestígios dela é como entender uma fração do universo a qual estamos todos imersos.
Foto: Elisa Seidel
Texto: Carol Chagas
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