Geralmente começa assim. Algo me incomoda, me cutuca. Mas eu ignoro. A coisa cresce e quando decido lidar com o problema, ele parece ir além das minhas mãos. Ela fica tão grande que se torna a minha maior prioridade na vida, pela proporção que tomou.
Depois de um tempo, consigo ajeitar aquela ponta solta e finalmente consertar aquele lado estranho que era desigual do pé da mesa. Mas aí outra coisa surge. Outro nó. Outro fogo que cresceu e já queimou a casa toda.
Outro detalhe ignorado que fez com que simples buracos na calçada se espalhassem e que, agora, necessitam de reparo na rua toda e não em apenas uma esquina.
Talvez eu ainda esteja acostumada a ser criança. Onde a minha vida era resolvida por outras pessoas e estas desfaziam os nós que apareciam no meu caminho. É chato você não poder desligar o modo alerta da vida.
Parece que a preocupação vira nosso segundo nome conforme a gente cresce. E a maneira com que você lida com o probleminha que se instala na parede do seu quarto passa a te definir.
E ninguém mais se importa. Com os seus problemas, com suas dificuldades. São suas obrigações, não deles. E é nesse momento que dá um estalo. Click. Ninguém realmente se importa. O protagonista da vida das pessoas são elas mesmas. Você é figurante na vida alheia, então por que não ser o personagem principal de sua história?
Por que não pensar mais um pouquinho em si mesmo, ao invés de colocar o outro como prioridade? Não é individualismo, é bom senso. Depois de um tempo, você percebe que não existe motivo para deixar de fazer algo que você gosta pelos outros. A vida é sua, se joga!
Existem infinitas possibilidades apenas esperando que você as encontre, as experimente. Podem falar pelos cotovelos sobre você, mas não há nada que se possa fazer sobre isso. Eu sempre vivi com as expectativas que os outros tinham sobre mim. Sempre.
Adorava agradar todos ao meu redor. Mas agora caiu a ficha sabe? Não é possível deixar todo mundo contentinho, se você não se sente assim. Isso não é felicidade. É atraso de vida.
No fim, você entende que são poucas as pessoas que realmente importam, mas nem mesmo elas podem decidir o seu futuro e fazer as suas escolhas. Então, tá tudo bem pra mim, se alguém discorda da minha opinião e não vai com a minha cara.
Pelo que eu me lembro, não são elas que consertam os meus móveis ou a minha vida. Se rolar algum problema (e vai rolar, sempre vai), não são elas que vão resolvê-los pra mim.
O que acontece é que todo mundo ganhou de brinde do universo uma vida. Pra você sofrer, se alegrar, crescer, se perder e se encontrar. Por mais que você evite ver a verdade, o protagonista, diretor, roteirista disso tudo é você.
Se está uma droga, vai escrever uma cena em que o seu personagem enxerga um lado diferente da história. Ou simplesmente mude o roteiro todo. Não se canse de mudar. Se acostume com o modo alerta. Arrume as pontas soltas, conserte o pé da mesa e desate os nós que aparecerem.
O equilíbrio pode parecer impossível de ser alcançado, mas a gente pode continuar tentando. Sempre. Todo um dia um pouco mais. Um buraco na calçada de cada vez.
Foto: We Heart It
Texto: Carol Chagas
Foto: We Heart It
Texto: Carol Chagas
Lindo texto!
ResponderExcluirhttp://meubaudeestrelas.blogspot.com.br/
Obrigada =)
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