Eu nunca vivi num mundo cor-de-rosa. Pelo contrário, a tendência sempre esteve mais para as cores púrpuras e alguns tons de vinho. Cresci cercada por adultos e ouvi problemas de verdade. E apesar dos Outros tentarem escondê-los de mim, eu sempre sabia quando algo estava errado. E isso acontecia muitas vezes.
Sem nenhuma criança próxima para comparar, eu não sabia muito bem o que pensar. Entendia mais do mundo dos crescidos do que aqueles que ainda não se preocupavam com o mundo. Acho que é por isso que nunca me tornei fútil. Não havia espaço para isso. Brinquedos não eram capazes de me transformar. E certamente ninguém o faria.
Posso não ter me tornado fútil, mas certamente me tornei egoísta e egocêntrica. Provavelmente continuo sendo esta pessoa desconstruída pelos defeitos. Esse maldito superego me controla. Sempre quis fazer algo importante. Transformar vidas, cruzar destinos. Só não sabia que seria tão difícil.
É complicado encontrar o seu caminho, quando você nem mesmo sabe em que rua está. Porém, cruzar destinos é a tarefa mais fácil de todas, o problema é deixar algo de bom neles, algo que importe. Tenho o sonho de viver ao máximo cada segundo, mas parece que as horas não estão ao meu favor.
Queria sonhar e realizar. Nem que fosse uma vez na vida. Pra que eu encontrasse o meu ponto de equilíbrio. Aquele entre os dois mundos. O colorido e o preto-e-branco. Entre o que é real e o que é imaginário.
Se essa verdade se tornar absoluta, saberei que estou na rua, no bairro, no caminho certo. E então transformarei vidas, cruzarei destinos e deixarei uma lição em cada um deles. Algo de bom, algo que importe.
Texto: Carol Chagas
Foto: We Heart It
Texto: Carol Chagas
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