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Deixa a vida acontecer, vai.


Quando te conheci, achei que eu sabia em que ponto da vida a gente se desencontrava. Mais precisamente, em que momento. Mas o universo é um pouquinho mais complexo do que a gente imagina. 

Por motivos que desconheço, de tempos em tempos a gente se esbarra. Não tem um objetivo e eu gosto disso. De não me preocupar com o depois. Aproveitar o momento e não pensar no futuro sempre foi algo difícil pra mim, mas com você isso parece fácil. 

Gosto das nossas conversas nas mesinhas de bar. E do som da tua risada. Da falsa e da verdadeira. 

Gosto da tua boca. Principalmente quando ela tá colada na minha. E quando ela não tá, dá uma saudade. Parece que falta algo. 

Eu não sei qual é a tua. Se você me tira dos trilhos ou se me coloca neles. 

Tinha medo de olhar nos seus olhos até outro dia. E acabar me vendo neles. Mas agora o medo se transformou em um frio na barriga que dá prazer em sentir. 

Adoro a maneira como a gente se olha antes de dar um beijo. É como se a gente perguntasse um pro outro algo que já sabemos a resposta.

Me assusta pensar que você talvez nunca saia da minha vida. Mas me assusta mais ainda imaginar um dia em que você não faça mais parte dela.

O teu olhar me emprestou de lente a descomplicação das coisas. De palavras ditas a escritas, a gente se distrai. Mesmo que não faça muito sentido, seguimos repetindo uns acordes e trazendo o nosso corpo bem pra perto um do outro, pra logo depois nos afastarmos novamente.

Quase como se fôssemos um boomerang humano. 

Entre tanta incerteza e mutabilidade, existe uma constante: o carinho. E ele sempre vai estar aqui, mesmo que você não esteja. 



Texto e foto: Carol Chagas

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